Serão voluntários?
No DiarioEconomico.com de há uns dias, estava uma interessante notícia com o título:
Estado desconhece salário de 27 mil funcionários.
De acordo com a notícia, há precisamente 26.897 casos remuneratórios “desconhecidos por ausência de informação por parte dos organismos”.
Já dá que pensar ... mas , ninguém sabe mesmo?
De onde vem o dinheiro? Não há recibos? É saco azul? São clandestinos?
Entretanto, meio abalado, passei uma vista de olhos pelos comentários enviados por diversas pessoas e fixei-me em dois, que irei reproduzir, visto serem públicos:
"Há funcionários publicos a mais neste país.E chamar-lhes funcionarios publicos, chega até a ser um insulto, pois mais não são do que uma "cambada" de chulos da sociedade portuguesa, que vivem à conta de estratagemas para não fazer nenhum e da corrupção, que lhes permite estilos de vida, muito superiores ao que ganham...Com 300 mil funcionarios publicos, seria suficiente...se é em países mais ricos e com mais população do que Portugal, deveria ser suficiente aqui...despeçam mas é essa cambada de chulos!!!!"
Até aqui, nada de novo: temos que acabar com aquela corja.
"a imprensa só fala de ordenados altissimos, não fala da arraia miúda como eu que estou a trabalhar na secretaria de uma Junta de Freguesia á 20 anos, fiquei no quadro há 4 anos porque entrou um Presidente de Junta bom, porque o outro que cá esteve como era rico e presunçoso e tinha a mania que era mais que os outros sempre me quis lixar a vida, nunca me pôs nos quadros e assim estou a trabalhar para o povo á 20 anos como auxiliar administrativa no indice 100 escalão 128 com um ordenado base de 412.00 € limpos fico com um ordenado de 367.00 fiz agora quatro anos no quadro e o governo fechou subidas de escalão, para não ganharmos mais 15.00 €, eu na Junta de Freguesia faço de tudo, transporto crianças,começando logo ás 8.30 h ajudo a dar refeições ás crianças da Pré escola e Primária na minha hora de almoçoe tenho ainda todo o trabalho de secretaria, actas e contabelidade da Junta, saio por volta das 18.00 e quando não é mais tarde, para que para ajudar o estado? não me pagam horas. desculpem o desabafo, mas trabalhamos nós arraia miúda para outros com ordenados altissimos não fazerem nada e passearem ainda á conta de nós que trabalhamos, julgo que não sereia a única, mas o governo deveria sim congelar a subida de escalões e de ordenados de pessoas com ordenados altos não de pessoas como eu que tem um ordenado que não dá este mês para comprar o material escolar para a minha filha."
Confesso que tive alguma dificuldade em integrar esta senhora naquala "cambada" de chulos.
Pois é, pois é. As generalizações são o que são.
Pelos vistos esta senhora também não é uma daquelas 15 figuras da EPUL com alto salário e emprego vitalício. Azar.
E será que os ordenados que se "desconhecem" são iguais aos de esta senhora e de muitas que conheço em circunstâncias semelhantes? Tá-se mesmo a ver.
Já agora, será que o quadro que reproduzo (recebi-o por mail e não verifiquei com rigor a origem), reflecte a realidade?
PESO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA POPULAÇÃO ACTIVA:
(Fonte EUROSTAT, publicado no Correio da Manhã)
Suécia .. 33,3%
Dinamarca ..30,4%
Bélgica .. 28,8%
Reino Unido ..27,4%
Finlândia ..26,4%
Holanda .. 25,9%
França .. 24,6%
Alemanha .. 24%
Hungria .. 22%
Eslováquia ..21,4%
Áustria .. 20,9%
Grécia .. 20,6%
Irlanda .. 20,6%
Polónia .. 19,8%
Itália .. 19,2%
República Checa..19,2%
PORTUGAL .. 17,9%
Espanha .. 17,2%
Luxemburgo .. 16%
E a propósito de Luxemburgo, se Portugal é o país com mais baixa produtividade na Europa e o Luxemburgo o de mais alta produtividade, apesar de um quinto dos seus habitantes serem portugueses, das duas uma, ou é dos ares lá no centro da Europa, ou ao passar a fronteira tomam umas coisas que cá ainda não descobriram, ou os outros 4/5 trabalham a sério para compensar, ou não é um problema genético do pessoal cá do burgo, ou... porque será? Somos todos totós?
Seja como for, a mensagem está a passar (no que respeita à opinião pública): a culpa de todos os problemas do país (e arredores) é dos funcionários públicos. Metem-se todos no mesmo saco (bons e maus) e espera-se que o Scolari convença o pessoal a pôr umas bandeiras na janela, e tá tudo bem.
Quanto aos tais 15 da EPUL e outras do género, não se pode fazer nada, as indemnizações são muito altas, patati patata, tem que ficar assim. Para cada um destes cavalheiros ficar no seu cargo (decerto essencial à sobrevivência do país), lá teremos que tratar da saúde a umas dúzias dos que ganham ordenados baixos. É mais fácil e esses não se sabem mexer nem blindar os contratos. Além disso, se calhar estão demasiado ocupados a trabalhar...!
O parasita
terça-feira, setembro 26, 2006
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